Problemas e mais problemas...
Por vezes falamos e as nossas palavras são recebidas com dor e sofrimento. Olhamos e percebemos espantados que o outro escolheu nos ouvir daquela que era a mais negativa das formas.
Quantas vezes isto não acontece nas nossas vidas. Quantas vezes não escolhemos inconscientemente o pior, quantas vezes não temos medo do incerto ou ambivalente. E isso é natural, principalmente porque estamos em modo sobrevivência primitiva.
O modo primitivo.
Exímio sobrevivente, este modo é essencial à sobrevivência. Tempos houve em que a qualquer canto se escondia um predador, ou quando algo estranho e diferente poderia ser a diferença entre viver ou morrer envenenado.
Quando não nos sentimos seguros, desconfiamos, e estamos sempre a nos preparar para o pior.
De facto isto fazia sentido numa altura da vida do Homem em que a sobrevivência era a regra. Mas neste momento? Apesar de todas as guerras, doenças, violências e limitações, nós somos as pessoas que vivem em maior segurança de toda a história do ser humano!!! De tal maneira que somos 8 biliões de pessoas.
Claramente se a vida fosse tão perigosa assim, se vivêssemos tão em perigo não seríamos tao prósperos. Que razão temos para nos sentirmos e nos educarmos para o perigo extremo? Dizemos a nós próprios que lá fora (o mundo dos adultos) é uma selva.
Selva? Se eu não trabalhar tenho o RSI, subsídio de desemprego, estacionar carros, associações de apoio, ação social, etc… Bem vistas as coisas, na pior das hipóteses acabo por ficar a viver nas mesmas condições 80 por cento da população de Angola, América do Sul, Índia, China ou Cabo Verde.
Como é que isso é ser uma Selva?
Um dos meus professores teve o seu pai a lutar na 2a grande guerra. E sempre que eles diziam em pequenos que algo era muito stressante. Ele respondia. Stress é guerra. Não saberes se dali a minutos estás vivo ou morto.
Isso é perigo. Isso é Selva, estares prestes a ser comido por um predador ou teres de todos os dias procurar comida activamente.
Mas o cérebro humano é relativo e não absoluto. O sofrimento não é objectivo é subjectivo. Por isso o índice de depressão e tristeza e sentimento de vazio não está relacionado com as posses materiais ou de segurança, pode ser tão grande no pobre extremo como no rico extremo. Não depende das condições de vida. Depende de nos dedicarmos a algo maior que nós, depende de nos superarmos, e fazermos sentido das coisas!
O que me leva a pensar. Se eu perceber isso, então eu posso relativizar as minhas merdas e não stressar com coisas pequenas. Posso escolher tirar o melhor das ambivalências, acreditar que as coisas vão correr sempre pelo melhor, e que o que vier de mal ou dificil tanmbém estará ao meu alcance. Procurar aceitar a vida, viver em flow e simplesmente observar com calma quem sou, e onde quero ir. E assim… Ser.