2024-10-19 - A Psicologia Africana: Um Caminho de Libertação - Entrevista com Henda Vieira Lopes
A Psicologia Africana: Um Caminho de Libertação - Entrevista com Henda Vieira Lopes
Nesta conversa, foram abordadas questões que exploram como esta abordagem psicológica pode ser uma ferramenta crucial para a libertação dos africanos, particularmente no contexto angolano, resgatando as tradições e epistemologias que sempre foram parte integrante das sociedades do continente. Aqui poderá ouvir a conversa na íntegra
O que é a Psicologia Africana?
Henda Vieira Lopes explicou que a Psicologia Africana transcende as teorias convencionais de outras partes do mundo, buscando alinhar-se com as realidades e cosmovisões africanas. No contexto angolano, onde as tradições e estruturas comunitárias continuam a desempenhar um papel vital na vida cotidiana, essa psicologia reconhece o valor da espiritualidade, dos rituais e da conexão com os antepassados. Diferentemente dos modelos eurocêntricos, que tendem a dissociar o indivíduo do seu ambiente cultural, a Psicologia Africana situa o indivíduo dentro de um tecido social e espiritual que é essencial para o seu bem-estar.O Uso da Psicologia Africana em Angola
Ao longo da entrevista, Henda destacou como a Psicologia Africana pode ser particularmente útil no contexto angolano, onde a história colonial e as lutas pós-independência muitas vezes deixaram traumas profundos. Segundo ele, a Psicologia Africana oferece uma via de cura que faz sentido para os angolanos, pois considera os elementos culturais e espirituais que formam a base da identidade angolana.Ele mencionou que práticas como rituais comunitários, a ligação com os antepassados e a compreensão das relações sociais típicas de muitas culturas angolanas podem ser usadas como parte de processos terapêuticos. A psicologia convencional, muitas vezes, não capta a profundidade dessas tradições, mas a Psicologia Africana permite que os angolanos encontrem formas mais autênticas de lidar com o trauma, as crises identitárias e os desafios de saúde mental.
Libertação Através do Resgate das Epistemologias Africanas
Durante a entrevista, Henda Vieira Lopes sublinhou o poder libertador da Psicologia Africana. Ao reconectar os africanos, especialmente os angolanos, com as suas tradições e formas de conhecimento, essa abordagem ajuda a combater as narrativas coloniais que por muito tempo marginalizaram as culturas locais. Ele afirmou: “A Psicologia Africana nos permite ver o mundo a partir das nossas próprias lentes, resgatando o valor do saber ancestral que sempre existiu nas nossas sociedades.”Para Angola e outros países africanos, essa reconexão é crucial. Em vez de seguir cegamente as normas impostas por sistemas coloniais, os angolanos podem recuperar a sua identidade cultural e espiritual por meio da psicologia, utilizando-a como uma ferramenta não só de cura, mas de empoderamento. Henda destacou que os métodos da Psicologia Africana têm o potencial de curar não apenas o indivíduo, mas também a comunidade como um todo, uma característica central das culturas africanas.
O Futuro da Psicologia Africana em Angola e na África
Henda concluiu a entrevista com uma visão otimista sobre o impacto futuro da Psicologia Africana, tanto em Angola quanto em todo o continente africano. Ele acredita que, com o aumento da conscientização e a prática desta psicologia, será possível libertar-se das narrativas que continuam a oprimir muitos africanos, dando-lhes a oportunidade de resgatar e valorizar as suas raízes.A entrevista deixou claro que não é só a Psicologia que precisa fazer esta desconstrução e resconstrução, e que isso deves ser feito em todos os contextos, desde a Arte, à Polítia, ao Ensino, etc.
Tanto no contexto africano e angolano, a Psicologia Africana é mais do que uma ferramenta de cura – é uma forma de resistência e libertação, que permite aos africanos viver em sintonia com as suas tradições e epistemologias.
O Espaço Yanda continua a ser um ponto de referência nessa jornada de autoconhecimento e libertação cultural. Com a Psicologia Africana, Henda espera que mais angolanos, e africanos de modo geral, encontrem caminhos autênticos de cura e reconciliação, tanto a nível individual quanto coletivo.