2024-10-31 Tornar-se Negro ISCSP

 Tornar-se Negro


Henda Vieira Lopes, fundador do Espaço Yanda Psicologia, a convite de Catarina Rivero Professora Universitária, e Presidente da APTeFC- Associação Portuguesa, de Terapia Familiar e Comunitária,  veio e partilhou a sua história e narrativa, articulando as suas experiências pessoais com a importância da psicologia africana, da descoberta da epistemologia africana, e do processo de tornar-se negro. Em ambas as aulas o tema suscitou perguntas e reflexões.

Ubuntu e a Essência da Existência Coletiva

Este testemunho de Henda Vieira Lopes aborda a complexidade de se entender e vivenciar a identidade negra e africana, especialmente no contexto da diáspora. Henda começa com uma reflexão sobre o conceito de *Ubuntu*, que ilustra como a existência individual está intrinsicamente ligada à comunidade e à ancestralidade. Ele compartilha suas experiências de adaptação entre culturas e a dificuldade de se conectar com sua africanidade, tendo crescido em Portugal como o único negro em ambientes predominantemente brancos. Esta "orfandade cultural" influenciou seu modo de ver a si mesmo e sua identidade, levando-o a adotar comportamentos de assimilação para ser aceito.


A Identidade e a Fragmentação Cultural do Negro na Diáspora

Ao longo do texto, Henda relaciona suas vivências pessoais com teorias de psicólogos negros e estudiosos afrocentrados, como Frantz Fanon e William E. Cross Jr., que destacam os impactos da colonização e da assimilação cultural na formação da identidade negra. Fanon, por exemplo, explica a alienação que negros instruídos sentem ao serem forçados a adotar a cultura do colonizador. Henda identifica-se com o processo de *negrescência* de Cross, que descreve as etapas de autodescoberta e orgulho racial até chegar a um sentimento de integração e compromisso com a comunidade negra.


Impacto do Racismo na Construção da Identidade Negra

Por fim, Henda explica como sua jornada de autoaceitação e reconexão com a africanidade culminou na criação do Espaço Yanda e no coletivo AfroPsis, locais onde ele e outros profissionais podem explorar e promover uma psicologia africana e afrocentrada. Ele reforça que a ancestralidade e a espiritualidade africana são essenciais para construir um futuro em que os indivíduos da diáspora possam integrar aspectos das culturas de acolhimento sem perderem suas raízes.


Reconexão com a Africanidade e a Jornada de Redescoberta

Para futuros profissionais, como assistentes sociais e psicólogos, este tipo de discussão é crucial. Ajuda a expandir a compreensão das múltiplas identidades e das complexidades que pessoas de culturas diferentes enfrentam. Refletir sobre temas como racismo, alienação e o processo de construção da identidade negra permite que esses profissionais sejam mais empáticos e inclusivos, promovendo uma prática que reconheça a diversidade e a riqueza das experiências culturais. A consciência destas questões prepara-os melhor para trabalhar com comunidades multiculturais, evitando generalizações e respeitando as complexas narrativas de seus clientes.


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