2025-01-01 "Inviste naquilo que nenhum naufrágio pode roubar."
Ano Novo, Vida Nova? Ou o eterno ciclo do recomeço?
Assim nos fala a sabedoria popular: Ano Novo, Vida Nova. Mas e se o tempo não fosse uma linha reta, como uma página em branco pronta para ser preenchida, mas sim um círculo vivo, uma dança cíclica onde cada instante traz consigo uma nova chance de sermos quem realmente nascemos para ser?
Em muitas tradições, o tempo é percebido como um fluxo, um eterno devir, um reescrever do presente, onde cada momento carrega o potencial para a reinvenção. A cada ciclo — seja o ano, o mês, o dia ou mesmo o segundo que passa — a vida se renova. É a possibilidade constante de curar feridas antigas, recuperar o que parecia perdido e escutar os ecos do que foi esquecido.
Se tudo se renova, se tudo pulsa no ciclo infinito da existência, o que permanece? Permanece a memória — esse grande arquivo das vivências, um círculo que guarda a sabedoria ancestral. A memória é o testemunho vivo das gerações, um espelho que nos mostra não apenas quem fomos, mas o que podemos ainda ser.
E no centro deste ciclo, o ritual. Os rituais marcam a passagem do tempo, conectam passado, presente e futuro. São celebrações que assinalam “o fim do que nunca acaba, mas sempre retorna.” O ritual não é apenas repetição: é continuidade, um fio dourado que entrelaça as gerações, um lembrete de que o recomeço não é ruptura, mas sim a continuidade de um legado.
Mas atenção: a memória do ontem é esculpida pelas ações de hoje em perseguição dos sonhos de amanhã. Por isso, neste novo ciclo, ousemos sonhar! Sejamos reis e rainhas, animais míticos, nuvens, piratas ou simplesmente... livres.
Enquanto atravessamos esta transição para 2025 — ou seria um recomeço da mudança? — convido-te a refletir: Que significado queremos dar a este ano? Não o que queremos ter, mas o que desejamos ser e manifestar. Como bem disse Rubem Alves:
"Inviste naquilo que nenhum naufrágio pode roubar."
Que 2025 seja um ciclo de reinvenção, de profunda conexão e de autenticidade.
Que sejamos o que nascemos para ser!
BOM ANO
*1 Rubem Alves (1933-2014) foi um renomado escritor, poeta, teólogo, filósofo e educador brasileiro.
Figura marcante na Teologia da Libertação, destacou-se por suas reflexões humanistas e sua abordagem poética sobre temas como espiritualidade, educação e existência. Autor de inúmeras obras, incluindo ensaios, crônicas e literatura infantil, Alves valorizava a sensibilidade, o encantamento e o aprendizado como pilares para uma vida plena. Sua escrita inspiradora e filosófica continua a influenciar gerações, promovendo uma visão mais reflexiva e poética do mundo.
A frase "Invista naquilo que nenhum naufrágio pode (te) roubar" foi escrita por Rubem Alves em sua crônica intitulada "Sobre jornais e aleluias", publicada no jornal Folha de S. Paulo em 12 de novembro de 1995.